quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Razão. Razões.

Quem não gosta de ter razão?
Baseadas em "razões" agimos,mudamos,construímos...
Brigamos, zangamos, culpamos...
O motivo: "Estou com a razão."
Mas afinal, quem estava com "a razão" naquela situação? (...)


Através da nossa leitura de mundo desde a infância, construímos nossa personalidade, caráter, nossos princípios e nosso "modelo de razão". A ilusão da certeza de que estamos certos, da convicção das certezas que são tidas como absolutas, impedem-nos de desenvolvermos empatia.
Em maior ou menor grau somos acometidos por essas razões... Talvez o tornar inflexível à compreensão alheia, seja pela preocupação em ser aprovado por alguém, ser o centro da atenção... Talvez...
A isso: Egoismo! Orgulho!
A desculpa mascarada para certas atitudes consiste na utilização das razões como justificativa.

Como seres imperfeitos e vindo de nós, entendamos de uma vez:

Aos olhos de outros, o que fazemos tem outra leitura, outras razões...
Nesse caso, flexibilidade torna-se olhar algumas situações com uma visão pluralista e imparcial pois, "A sua razão" torna-se apenas a SUA razão.
Chega-se, então, ao ponto:

Razão X Felicidade

Mais vale?

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Relações de Gênero

“ Certa vez Marx perguntou: ‘O que é um escravo negro? Um homem de raça negra. Esta explicação é tão boa quanto a outra: um negro é um negro. Ele se torna um escravo somente em certas relações’. Poderíamos então parafrasear: O que é uma mulher subordinada? Uma fêmea da espécie humana. Esta explicação é tão boa quanto a outra: a mulher é uma mulher. Ela se torna uma doméstica, uma esposa, um objeto, uma coelhinha, uma prostituta, ou um ditafone humano somente em certas relações” (Gayle Rubin antropóloga norte-americana)


segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Das aquisições do mês...

Mais livros pra compor a minha mini biblioteca, que um dia estará Giganteeeee!!!
#Sonhomeu

Nesse mês, novos livros de Psicologia adquiridos:







De presente...

Se eu já gosto de comprar, imagina só ganhar...
Estava eu lá, na casa do meu irmão mais velho, e vem a minha cunhada com aquele livro grande...
Sem perguntar se podia, já fui tirando a embalagem e olhando conteúdo por conteúdo no sumário.
Minha cunhada:
- Gostou? Pode pegar pra você... É seu.
Eu:
- Sério? Se eu gostei? Ah! Sim gostei.Muito obrigada.


Pra não demonstrar minha euforia e gritar:
- AMEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!!! Iup! rsrs


- Nesse livro, muitas questões são tratadas brevemente (O autor é muito prático). Muitas orientações para o cuidado da MENTE. O autor sugere técnicas terapêuticas e procedimentos de autoajuda, mas sem pretensão de substituir a orientação do profissional da área. Ajuda a desenvolver o estilo de vida saudável.-
Vale a pena conferir!





Enfim... CHEGOU!!!




Chegou!!!

Nada pra alegrar mais do que aquela comprinha esperada!!!
Não me canso de "babar" nas aquisições,
pareço até criança com seu brinquedinho novo! Assusto quem estiver por perto.

Dou até pulinhos de alegria... rsrs
Os responsáveis geralmente são: Cds, DVDs, Livros.

Como isso me traz alegria! A felicidade é tanta que nem cabe...
Nos próximos dias, muito entretenimento!

Enjoy!

quinta-feira, 7 de julho de 2011

SPM / TPM - Os Sintomas e Tratamentos.

Que mulher, da adolescência até a menopausa, nunca sentiu pelo menos uma cólica ou uma alteração no humor?Pois é... As mulheres - em geral - passam, já passaram ou ainda passarão por esse período. Há quem diga que a culpa é de Eva que comeu do fruto proibido (rsrs), outros dizem que acontecem com as mulheres porque os homens não aguentariam (Lógico - rsrs). Enfim... É o natural e é disso que me proponho a tratar aqui no blog de forma bem descontraída.

(TPM se refere somente à tensão pré-menstrual enquanto a SPM - Síndrome da tensão pré-mentrual - apresenta os sinais e sintomas.)







Alguém nesse momento deve estar se perguntando: Mas por que alguém da área de Psicologia discutirá esse assunto?
É simples! Os sintomas da SPM não são só somáticos, são também psíquicos. Eles são se aprensentam somente físicos, como uma cólica, por exemplo, também se aprensentam como psíquicos. Exemplo: Incapacidade de concentração.
Agora que já sabemos que os sintomas da SPM  são somáticos e psíquicos, vamos ver quais são os sintomas mais comuns de ambos:

SOMÁTICOS:
Estados congestivos que afetam principalmente as mamas, abdome e pelve, a retenção hídrica e outras manifestações como a enxaqueca, o aumento da secreção vaginal, dores vagas generalizadas, anorexia, aumento do apetite, diarréia, constipação, sudorese, acne, herpes, insônia, crises asmáticas, aumento de peso temporário, dores lombares e ciáticas, distúrbios alérgicos, crises cíclicas de hipertrofia da tiróide, aerofagia, estados hipoglicêmicos e crises convulsivas.

PSÍQUICOS:
Tem maior frequência. Associado à incapacidade de concentração, labilidade afetiva, perturbações no sono, agressividade, irritabilidade, tensão nervosa, humor variável, depressão, ansiedade, crises de choro e desânimo.

Ufa!!! Depois disso, alguns homens vão rever seus conceitos e não mais dirão que TPM é desculpa de mulher pra faltar no serviço, está indisposta e brava (rsrs).
Há uma alteração significativa no organismo da mulher. Em relação aos hormônios podemos observar as alterações:







A neuroendocrinologia é o estudo da produção e liberação de hormônios por células nervosas - neurônios, e a inteção destes com vários orgãos e tecidos alvo, sendo a ovulação o resultado final dessas interações hormonais, gonadais e extra-gonadais, que se iniciam na menarca e continuam até a menopausa. Essa interação citada envolve algumas estruturas principais como: a glândula hipófise - Que secreta e produz hormônios -, o hipotálamo e ovário, influenciado pelo córtex cerebral e o Sistema Límbico - Também conhecido como Sistema da Emoção.

Não vou me aprofundar nessas questões de neurofisiologia e passarei direto ao tratamento.Lógico que, cada caso é um caso. Os sintomas não são os mesmos em todas as mulheres e nem toda cólica é normal. O tratamento possui diferentes níveis e a paciente deve entender esse preocesso da SPM.

TRATAMENTO:

- Evite ou diminua o consumo de doces;

- Pouca ingestão de Sódio (Sal), pois causam retenção no organismo responsáveis pelos inchaços que causam dores nas pernas e nas mamas;

- Pratique exercício físico, eles liberam endorfina e ajudam a melhorar a tensão;

- Não faça uso de café para diminuir a ansiedade;

- Tenha uma alimentação leve, inclua mais frutas e verduras;

- Tente reduzir o estresse;

- Fique longe de bebidas alcoólicas;

- Medicação: Hormônio antiestrogênico, Psicotrópicos, Antidepressivos, Inibitores seletivos da recaptação da Serotonina, Cálcio. - O uso da medicação vai depender do nível de cada caso e a ingestão só pode ser feita com prescrição médica. Colsulte seu ginecologista.

(Sindrome pré- menstrual e Desempenho escolar, 2001, v. 23, nº 7, 452 -459)

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Terrorismo contemporâneo

 Presenciamos, dias atrás, a comemoração de muitos pela morte de Osama Bin Laden alegando que,  "a justiça tinha sido feita".Desconheço o significado dessa justiça; a meu ver, a palavra vingança se funde e confunde com esse termo.
Esse é o fim do terrorismo??
Quero aqui deixar, um texto do professor Ricardo Santos Rodrigues - Mestre em Psicologia Social pela Universidade Federal de Minas Gerais - que me é peculiar e reflete meu ponto de vista a respeiro desse assunto:


O assassinato de um assassino: Notas sobre a intensificação do terrorismo no mundo Contemporâneo

Estamos a comemorar o assassinato de um assassino produzido por nossa temporalidade. Forjado pela barbárie de nosso tempo que articula um novo modelo de Cruzada, que separa de forma radical, o ocidente e o oriente. Esse “novo” modelo, cultuado há séculos, captura nossas representações acerca do bem, do mal, do cristianismo, da terra santa, da verdade, da justiça e da liberdade.
Entretanto, a morte de um homem não deve representar apenas uma ocorrência singular à nossa condição existencial. Os homens não devem ser destinados à morte de forma a negar ou mesmo banalizar nossa dimensão transcendental. Os homens são animais específicos e não somos feras, por isso mesmo, em tempo algum sepultamos apenas cadáveres.
Basta uma visita rápida aos lugares onde enterramos nossos entes queridos para sabermos que, de certa forma, todos sem distinção permanecem vivos em nossa memória. Aliás, reconhecer isso é perceber que nunca estamos absolutamente sozinhos no mundo. Somos um bicho relacional, simbólico e discursivo. Nenhum tipo de pragmatismo disciplinar contempla a utopia do controle sobre a vida e suas intercorrencias.
Comemorar o assassinato de um assassino, parafraseando Boaventura, não permite a produção de uma vida mais decente e não edifica nenhum conhecimento prudente. Penso que estamos cegos, cegos que vendo não vêem como diria o saudoso Saramago. Em outros termos, como diria um velho homem de meus tempos de meninice: “quem planta vento, colhe tempestade”.
O aclamado terrorismo tem se configurado como nossa melhor expressão maquiavélica sustentando a proposição de que o “homem é o lobo do homem”. Nessa lógica, nos endereçamos a aniquilar nossos inimigos e todos são inimigos, na medida em que, não compartilham nossas considerações. Talvez essa seja uma consideração simplista do exemplar e atual o Príncipe de Maquiavel. Todavia, essa leitura pode ser percebida frente ao espetáculo dantesco que estamos a presenciar.
Vivemos num mundo espetacular, até os inúmeros assassinatos diários de cada dia, que invadem nossas casas se tornam comerciais. Assim, até a desgraça se constitui em um objeto para ser consumido, para saciar nossa fome incomensurável. Estamos aprisionados numa temporalidade “Hollywood”, mais especificamente onde nos colocamos a “exterminar o futuro” produzindo uma narrativa apocalíptica como que deseja apenas a morte.
Há de se interrogar isso. Como sustenta Alain Badiou o ocidente tem muita consciência sobre o mal, mas, negligencia pensar acerca do bem e, a partir dessa incongruência estratégica, convencionamos falar sobre “ética”. Pensar sobre o bem é algo deveras muito comprometedor à lógica massificante que nos consome. Por isso, nos colocamos assim, a comemorar o assassinato de um assassino, a construir muros, armas de destruição em massa, tiranias, especulação econômica, a caixa de pandora está rigorosamente aberta para todos e em todo os lugares.
Se olharmos para os “lideres mundiais” ouviremos cada discurso, práticas, políticas que nem poderíamos imaginar. Ora, eles dizem o que estamos a pensar e seria prudente e elucidador reconhecer que participamos dessas produções. O Presidente dos EUA é o herdeiro do discurso crítico e emancipador de Martin Luther King, enunciação de um sonho que perpassa a presença de nossos ancestrais africanos barbarizados, mas nunca, absolutamente derrotados pela violência da escravidão da qual ainda somos tributários e que perpassa nossa condição existencial, humana e política em todo o mundo.
Mas, ouvi-lo supor que o assassinato de um assassino é um ato legítimo de justiça é algo inaceitável. Considerar que a justiça se confunde com a vingança é, verdadeiramente, potencializar o terrorismo. Talvez essa seja nossa principal identidade nos dias atuais alinhada, articulada e alinhavada com o nosso principal papel público e intelectual: consumir, trabalhar, servir, dormir e voltar a consumir para manter a lógica de nosso tempo.
Michel Foucault indaga a produção da justiça em meio à edificação do Estado Liberal de Direito, ele esclarece que antes da Idade Moderna, a justiça era praticada em nome de um Rei Absolutista que detinha a soberania do Estado e o poder de vida e morte sobre os vassalos. Ocorre que não somos mais vassalos, mas, ainda assim, todas as produções civilizatórias do Estado Liberal estão sendo dramaticamente sepultadas. Esse me parece o pior efeito dessa ocorrência que alguns freneticamente comemoram sobre o pseudônimo de enfrentamento ao terrorismo.
Enfrentar o terrorismo é algo absolutamente necessário. Não podemos recuar desse desafio. Não podemos aceitar as mortes que essas ações produzem, nem os discursos que engendram e nem suas banais justificativas. Devemos recuperar as considerações de Hannah Arendt sobre o flagelo do holocausto que atravessa nossa condição humana. Observação impertinente: todos nós somos humanos apesar de nossas diferenças e ninguém, em lugar algum, é mais humano que outro Homem.
Se desejamos superar o terrorismo devemos fazer arqueologias e cartografias que escapem aos ditames hegemônicos, para encontramos os exemplos de justiça que conservam um potencial retificador, poético, político e humanizador para a conservação da vida, para pensar o bem, para sermos mais prudentes e pacíficos. Nesse sentido, distribuir nossas riquezas com mais equidade é algo fundamental.
Quando penso em arqueologias e cartografias é porque considero que as respostas são parciais, mas estão em todos os lugares e culturas, são produzidas por nós e vivem conosco em nossos desafios e em nossas possibilidades.
Quero apresentar alguns exemplos:
Historicamente, influenciamos aqueles que nos escravizaram e, como aponta Paul Gilroy (2002), nunca fomos apenas músculos porque trouxemos conosco nossas culturas e religiosidades. Nesse sentido, podemos conceber que a elaboração do candomblé constitui-se como um processo político e social, empreendido pelas diversas etnias africanas no ambiente coercitivo das senzalas.
Portando, esse processo ultrapassa os horizontes próprios aos saberes ancestrais e religiosos. Essa elaboração é eminentemente afro-brasileira, ou seja, ela é africana em sua matriz e tornar-se brasileira em sua continuidade histórica. Portanto, a elaboração do candomblé a partir das religiões africanas, constitui-se em uma estratégia elaborada para desenvolver meios de transformar a realidade imposta pela escravidão. Sendo religião o candomblé também é um aparato de luta e resistência.   
A matriz africana, a que nos referimos é a materialidade de nossa ancestralidade, pensamentos, sonhos, crenças, tradições, costumes, enfim de nossa negritude. Temos sistematicamente convivido com percepções pejorativas que desconsideram tal matriz. No Brasil, existem exemplos dos efeitos paradoxais dessas considerações pejorativas acerca da negritude que se produz em meio à cultura afro-brasileira.
Isso inevitavelmente contribui para fortalecer o racismo, contribuindo decisivamente para tornar o processo de branqueamento uma saída para inúmeros afro-brasileiros em seu legitimo desejo de ascensão social e reconhecimento público. Um dos nossos maiores escritores e, influente homem público era afro-descendente. Entretanto, em seu atestado de óbito, é declarado como branco: Machado de Assis, no Brasil República com seu ideário higienista e seu propósito de branqueamento, foi transformado em branco para contemplar a cegueira de nossas elites nacionais.
Seu atestado de óbito, antes de mais nada, confirma o processo de branqueamento a que estamos expostos. Isso nos informa um ideário eugênico inscrito no ordenamento: “negro desapareça ou torne-se branco”. Injunção racista que nos remete ao impossível.
O processo que sofremos de “coisificação” no período escravocrata foi contraposto por nossas produções culturais e religiosas, que impulsionaram um permanente movimento de enfrentamento, entretanto; essa originalidade ancestral tem sido atravessada por leituras preconceituosas e pejorativas que tendem a uma dimensão hegemônica na contemporaneidade.
Esse movimento retoma às navegações que nos trouxeram, faz parte de nossa condição existencial de sermos viajantes e de termos a diáspora como elemento constitutivo de nossa negritude o que comporta inúmeros impasses.
Todavia, a presença africana no Brasil e no mundo, bem como, as múltiplas culturas e religiões implementam entre outras coisas, na contra mão da barbárie, o samba, a capoeira, o candomblé, o maracatu, a vida e os textos de Machado de Assis, entre outras coisas.
Atos dessa magnitude desenvolvem referências, que orientam nossas lutas contra o racismo e a desigualdade racial porque revelam que em tempo algum fomos bestialidades escravas. No mundo, nossa presença negra, também, produziu outras saídas singulares – nem por isso despolitizadas e inocentes – de enfrentar, corajosamente, o racismo com todo seu potencial exterminador inclusive de nossas culturas ancestrais e tradicionais. 
Enfrentar o terrorismo tem haver com isso porque ele comporta outras formas de marginalidade e coisificação como o racismo. Devemos urgentemente consultar Mandela que em sua luta contra o apartheid foi considerado terrorista. Seria, no mínimo, um diálogo interessante. Aliás, sua historicidade revela uma bela consideração acerca da coragem que não implica ausência de medo.
Todos nós estamos com medo, aterrorizados e me ocorre que a única saída é falarmos disso para encontrarmos um fundamento que não seja militar, bélico, mortal e relativo à guerra de todos contra todos. Nossa Política, como aponta Foucault, precisa superar esse paradigma terrorista da guerra de todos contra todos.  
Um pouco de psicanálise informa que demos – ao assassinar um assassino – um atestado de guerra mútua e sem fim. Parece-me que ratificamos o terrorismo como um fundamento que une o ocidente ao oriente em uma cruzada sem fim. Nesse ordenamento, caminhamos loucamente rumo a um precipício e isso não é prudente. 
(Ricardo Santos Rodrigues)

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Um poema, um livro e um filme.

"O Vestido", de Carlos Herculano Lopes, é um livro faciante que prende o leitor do ínicio ao fim.O livro é baseado em um dos mais famosos poemas de Drummond, "Caso do Vestido" que também serviu de argumento ao filme "O Vestido" ,de Paulo Thiago -2004.

Be-lís-si-mo! Recomendo.
Li em um dia! xD

O livro:

(Carlos Herculano Lopes)


O poema:

CASO DO VESTIDO

Nossa mãe, o que é aquele
vestido, naquele prego?

Minhas filhas, é o vestido
de uma dona que passou.

Passou quando, nossa mãe?
Era nossa conhecida?

Minhas filhas, boca presa.
Vosso pai evém chegando.

Nossa mãe, esse vestido
tanta renda, esse segredo!

Minhas filhas, escutai
palavras de minha boca.

Era uma dona de longe,
vosso pai enamorou-se.

E ficou tão transtornado,
se perdeu tanto de nós,

se afastou de toda vida,
se fechou, se devorou.

Chorou no prato de carne,
bebeu, gritou, me bateu,

me deixou com vosso berço,
foi para a dona de longe,

mas a dona não ligou.
Em vão o pai implorou,

dava apólice, fazenda,
dava carro, dava ouro,

beberia seu sobejo,
lamberia seu sapato.

Mas a dona nem ligou.
Então vosso pai, irado,

me pediu que lhe pedisse,
a essa dona tão perversa,

que tivesse paciência
e fosse dormir com ele...

Nossa mãe, por que chorais?
Nosso lenço vos cedemos.

Minhas filhas, vosso pai
chega ao pátio. Disfarcemos.

Nossa mãe, não escutamos
pisar de pé no degrau.

Minhas filhas, procurei
aquela mulher do demo.

E lhe roguei que aplacasse
de meu marido a vontade.

Eu não amo teu marido,
me falou ela se rindo.

Mas posso ficar com ele
se a senhora fizer gosto,

só para lhe satisfazer,
não por mim, não quero homem.

Olhei para vosso pai,
os olhos dele pediam.

Olhei para a dona ruim,
os olhos dela gozavam.

O seu vestido de renda,
de colo mui devassado,

mais mostrava que escondia
as partes da pecadora.

Eu fiz meu pelo-sinal,
me curvei... disse que sim.

Saí pensando na morte,
mas a morte não chegava.

Andei pelas cinco ruas,
passei ponte, passei rio,

visitei vossos parentes,
não comia, não falava,

tive uma febre terçã,
mas a morte não chegava.

Fiquei fora de perigo,
fiquei de cabeça branca,

perdi meus dentes, meus olhos,
costurei, lavei, fiz doce,

minhas mãos se escalavraram,
meus anéis se dispersaram,

minha corrente de ouro
pagou conta de farmácia.

Vosso pai sumiu no mundo.
O mundo é grande e pequeno.

Um dia a dona soberba
me aparece já sem nada,

pobre, desfeita, mofina,
com sua trouxa na mão.

Dona, me disse baixinho,
não te dou vosso marido,

que não sei onde ele anda.
Mas te dou este vestido,

última peça de luxo
que guardei como lembrança

daquele dia de cobra,
da maior humilhação.

Eu não tinha amor por ele,
ao depois amor pegou.

Mas então ele enjoado
confessou que só gostava

de mim como eu era dantes.
Me joguei a suas plantas,

fiz toda sorte de dengo,
no chão rocei minha cara,

me puxei pelos cabelos,
me lancei na correnteza,

me cortei de canivete,
me atirei no sumidouro,

bebi fel e gasolina,
rezei duzentas novenas,

dona, de nada valeu:
vosso marido sumiu.

Aqui trago minha roupa
que recorda meu malfeito

de ofender dona casada
pisando no seu orgulho.

Recebei esse vestido
e me dai vosso perdão.

Olhei para a cara dela,
quede os olhos cintilantes?

quede graça de sorriso,
quede colo de camélia?

quede aquela cinturinha
delgada como jeitosa?

quede pezinhos calçados
com sandálias de cetim?

Olhei muito para ela,
boca não disse palavra.

Peguei o vestido, pus
nesse prego da parede.

Ela se foi de mansinho
e já na ponta da estrada

vosso pai aparecia.
Olhou para mim em silêncio,

mal reparou no vestido
e disse apenas: Mulher,

põe mais um prato na mesa.
Eu fiz, ele se assentou,

comeu, limpou o suor,
era sempre o mesmo homem,

comia meio de lado
e nem estava mais velho.

O barulho da comida
na boca, me acalentava,

me dava uma grande paz,
um sentimento esquisito

de que tudo foi um sonho,
vestido não há... nem nada.

Minhas filhas, eis que ouço
vosso pai subindo a escada.

(Carlos Drummond de Andrade)

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Outono

Noites mais longas que os dias,
Folhas com tom amarelados,
mudanças bruscas de temperatura...

A época que as folhas caem pode representar
momentos de mudanças em nossa vidas em que, devemos deixar
velhas coisas e buscar o novo...
Tempo de mudar.

...Beleza, poesia, os ternos sentimentos. Coração aberto... O momento de colher as descobertas, semear amor, pra admirar enfim, tudo que ainda está por vir.

Certas coisas, as palavras não conseguem expressar:











Como eu gosto do outono!

terça-feira, 5 de abril de 2011

Gênio Indomável



Gênio Indomável foi lançado em 1997,mas só recentemente assisti.
Realmente vale a pena assistir!É um bom filme que adentra no campo da Psicologia do Desenvolvimento com algumas abordagens apresentadas.
Em outras palavras:
Eu recomendo! ;)

Uma pequena análise:

Logo no início do filme o talento que Will tem em resolver problemas matemáticos que estudiosos demoraram anos para decifrar é surpreendente.O fato de Will nunca ter frequentado regularmente a escola e possuir essas habilidades, está relacionado a uma abordagem Inatista-Maturacionista da Psicologia, em que as principais ideias consistem em hereditariedade e maturação, sendo esta, independente de experiências adquiridas.
A explicação para esse fenômeno,portanto,é biológico.Não foi necessário a experiência em uma escola para que o jovem desenvolvesse e aprendesse.A aprendizagem,nesse caso,dependeu do nível de desenvolvimento que dependeu da hereditariedade e da maturação.
Outro fator importante de ser analizado é o comportamento rebelde.Will se envolvia em brigas,xingamentos, fazia parte do vocabulário e as farras e bebidas eram diariamente.É de extrema relevância ressaltar que, o ambiente em que Will vivia era propício e ele era influenciado por este.O rapaz se adaptou aquela realidade e essa é a abordagem comportamentalista, que explica toda rebeldia.
O psicólogo Sean Maguire tem um papel fundamental no filme.Depois da 1ª sessão mal sucedida,Sean conhece um pouco de como Will é e decide aplicar na psicoterapia o método Humanista.Sean percebeu que alguns comportamentos indesejáveis que o rapaz emitia era uma defesa e que apesar de Will ser um gênio não conseguia responder uma simples pergunta como o que ele realmente queria fazer na sua vida.Ao longo da psicoterapia,uma boa relação entre os dois é promovida,diferente da concepção de que deve se ter uma relação distante entre psicólogo e paciente.Com a construção dessa relação mais íntima e empática e com uma ênfase na vida psicológica do paciente,o psicólogo faz Will analisar seu próprio comportamento e questionar seus valores, auxiliando-o em suas escolhas.Na vida emocional Will era apenas uma criança e o encontro com esse psicólogo e seus métodos Humanista,ele pode amadurecer, compreender seu desequilíbrio,fazer uma avaliação de si e procurar as soluções consideradas necessárias para o caso.Will pôde fazer suas escolhas baseado no que ele queria para ter sua realização e crescimento pessoal independente de ter que se dedicar a área de exatas.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Sobre Anita Malfatti

"Eu tinha 13 anos, e sofria porque não sabia que rumo tomar na vida. Nada ainda me revelara o fundo da minha sensibilidade[...]Resolvi, então, me submeter a uma estranha experiência: sofrer a sensação absorvente da morte. Achava que uma forte emoção, que me aproximasse violentamente do perigo, me daria a decifração definitiva da minha personalidade. E veja o que fiz. Nossa casa ficava próxima da estação da Barra Funda. Um dia saí de casa, amarrei fortemente as minhas tranças de menina, deitei-me debaixo dos dormentes e esperei o trem passar por cima de mim. Foi uma coisa horrível, indescritível. O barulho ensurdecedor, a deslocação de ar, a temperatura asfixiante deram-me uma impressão de delírio e de loucura. E eu via cores, cores e cores riscando o espaço, cores que eu desejaria fixar para sempre na retina assombrada. Foi a revelação: voltei decidida a me dedicar à pintura."

Anita Malfatti: no tempo e no espaço, Volume 1
Por Marta Rossetti Batista,Anita Malfatti



Já deixei claro, aqui no blog, o meu gosto pela arte e agora resolvi postar sobre a maior pintora brasileira,considerada, assim, por Pietro Maria Bardi.É indiscutível seu talento e sua significância no meio artístico.Uma importante e famosa artista plástica.
Anita começou como Expressionista que se trata de uma pintura mais dramática, subjetiva, “expressando” sentimentos humanos. Utilizando cores irreais, dá forma plástica ao amor, ao ciúme, ao medo, à solidão, à miséria humana, à prostituição. Deforma-se a figura, para ressaltar o sentimento.Nos EUA pintou suas mais brilhantes obras: O homem amarelo, Mulher de Cabelos Verdes, O Japonês, e vários outros quadros.Lá o público era capaz de interpretar a beleza e as emoções contidas em suas obras e a consagravam.Anita voltou ao Brasil e foi duramente criticada,principalmente por Monteiro Lobato, após a sua exposição em 1917.
Anita também participou da Semana de Arte Moderna em 1922 e a partir daí,sua arte virou uma salada russa, logo notada pelos críticos: «A Sra. Malfatti faz o viajante percorrer os séculos e os gêneros. É primitiva, clássica, e moderna avançada, faz retratos e naturezas-mortas.»
"A artista que pintou obras como "O homem amarelo", "A Boba" e "Mulher de Cabelos Verdes", não quer mais ser vanguarda, nem acadêmica. Ela quer uma pintura simples, facilmente compreendida por todos e que dificilmente será aceita por seus colegas de aventura do modernismo."

Uma grande artista que foi alvo de duras críticas e sofreu muito por não ser compreendida...


A mulher de cabelos verdes

O homem amarelo

A boba

O japonês

Ritmo (Torso)

O homem das sete cores

Nu cubista

segunda-feira, 7 de março de 2011

Aquisições - Psicologia

As minhas mais novas aquisições são de dar água na boca...
Eu não resisto a livros...Não adianta...

1- (Psicologias - Uma Introdução ao Estudo de Psicologia) Bom para breves pesquisas em Psicologia.Variados temas de uma forma mais sucinta que possibilita uma introdução com uma visão mais geral das abordagens em Psicologia:


2- (Psicologia e Trabalho Pedagógico) Bom para estudo de Psicologia da Aprendizagem:

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Nublado

Uma breve percepção força voltar o olhar aquele dia nublado.
Céu cinza-grafite vira palco das aves que parecem dançar em forma espiral.
O cheiro da terra molhada denuncia a chuva passageira
e seu rastro de tudo mais verde,mais nítido,com mais vida...
A brisa leve a tocar o rosto é um frescor
que tranquiliza,acalma,relaxa...
Em segundos,num fechar de olhos a mente voa...
As nuvens, agora mais arroxeadas, anunciam a chegada de mais água,
e da janela se pode observar as primeiras gotas cristalinas que,
cada vez mais, vão ganhando força...
Nessas circunstâncias, um bem estar misturado à emoção
origina uma sensibilidade...Sensibilidade que faz parar tudo
para apreciar a intensidade de certos acontecimentos.
Agora,permanece a ansiedade de querer reviver esses momentos...

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

De Fernando Pessoa...

Mar Português
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que se espelhou o céu.
(Fernando pessoa)




Com fundo histórico, Fernando Pessoa exalta o heroísmo português em navegar em busca de novas terras.A ânsia do desconhecido resulta em dificuldades, perigos e , principalmente, consequências decorrentes dessas navegações, que são apresentadas no poema.
A grandeza da alma humana em desejar o impossível, proporciona a glória e a heroicidade ; "...tudo vale a pena..." para alcançar o sonho almejado. O mar é sinónimo de perigo,medo,desconhecido,dor; " ...mas nele é que se espelhou o céu..." , remetendo a ideia de sonho realizado.

Em memória de Fernando pessoa que transformou história em poesia!!

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Sonho de consumo


- Pausa- Não resisti e tive que postar!!!
Como uma boa viciada em livros,não pude deixar passar...
-Uma breve pausa pra Literatura,Música,Pintura,Escritos etc...-
Ah!!Meu coração derrete...

A minha vai ser mais ou menos assim:











Enjoy!   :)

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Claude Monet • Impressionismo •

Impressionismo - Explorou a intensidade das cores com pinceladas rápidas, sem contorno nítido, com poucos detalhes resplandecendo a ideia de felicidade e harmonia.

Esse é o período da arte que mais gosto e mais me identifico! Vários artistas brilhantes como: Monet, Renoir, Camile Pissaro, Alfred Sisley, Vincent Van Gogh, Degas, Cézanne, Caillebotte, etc...

O vídeo, que escolhi postar aqui, é composto de várias pinturas de Monet,o pintor que eu mais gosto desse período que é símbolo de sensibilidade e genialidade!

Vale lembrar,ou conhecer,em outros casos rsrs






terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O Surrealismo de Salvador Dalí

As obras de Salvador Felipe Jacinto Dalí merecem um post aqui!
Desde que conheci, fui fortemente atraída pelo surrealismo das pinturas de Dalí, que persuadido pelo pintor catalão Joan Miró,aderiu ao movimento Surrealista.
Tão irreverente que foi expulso da Academia de Artes de San Fernando, em Madrid, depois dos exames finais, em que declarou que ninguém na Academia era
suficientemente competente para o avaliar. =O (Modesto,não? rsrs)

O trabalho de Dalí chama a atenção pela incrível combinação de imagens bizarras, oníricas, com excelente qualidade plástica.É incrível a perfeição,e o impecável jogo de sombras!

O 2º motivo pelo qual coloquei o post foi a influência de Freud sobre Salvador Dalí, que criou o "método de interpretação paranóico-crítico" baseado nas teorias da psicanálise, associando elementos delirantes e oníricos numa linguagem pictórica realista, com freqüentes imagens duplas e objetos do cotidiano.

Antes de postar algumas das obras mais famosas, é importante explicar alguns dos animas dos quais Dalí aborda nas suas obras:

Formigas - remontam à morte, decadência, e o imenso desejo;
Caramujo - relaciona-se com a cabeça humana. Esta ideia partiu de quando avistou um caramujo em cima de uma bicicleta, perto da casa de Freud, quando se conheceram;
Gafanhotos - são um símbolos de desperdício e de medo.
Elefantes com pernas quebradiças - comprometimento em criar um sentimento fantasmagórico da realidade.

Ps: (Além dos animais o Ovo também é muito utilizado e expressa o ideal pré-natal e intrauterina simbolizando a esperança e a caridade.)

(Girafa em Chamas - 1936-1937 - Nesta obra são relacionadas duas ideias: a Guerra Civil Espanhola e sua ilustração do discobrimento de Freud, diante do uso de gavetas secretas que só a psicanálise é capaz de abrir.)


(A Girafa-elefante - 1948)


(O Sono - 1937 - Sono e sonhos são temas comuns aos surrealistas, uma vez que é dormindo e sonhando que temos o dominio do inconsciente.O homem adormecido está sobre muletas, sugerindo a fragilidade em que a realidade se apoia.)



(A Persistência da Memória - 1931 - o mais conhecido dos quadros.A flacidez dos relógios dependurados e escorrendo mostram uma preocupação humana com o tempo e a memória.Relógio Fundido - Sugere a Teoria de Einstein, onde o tempo é relativo)

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Entardecer

O dia prestes a findar
exala seus últimos raios alaranjados
sob a vasta vegetação,as montanhas e sob as águas,
como uma flor exala o seu perfume.

O pôr-do-sol convidativo à apreciação do céu límpido bicolor,
entre azul celeste e laranja-queimado,
revela sua grandiosidade através da simplicidade do lindo arrebol
e atrai olhares, antes perdidos e distantes, mas esperançosos;
ansiosos por mais um dia, quem sabe,
para ter a oportunidade de contemplar mais um entardecer.


Como é belo!

Como é lindo esse crepúsculo!