segunda-feira, 18 de abril de 2011

Um poema, um livro e um filme.

"O Vestido", de Carlos Herculano Lopes, é um livro faciante que prende o leitor do ínicio ao fim.O livro é baseado em um dos mais famosos poemas de Drummond, "Caso do Vestido" que também serviu de argumento ao filme "O Vestido" ,de Paulo Thiago -2004.

Be-lís-si-mo! Recomendo.
Li em um dia! xD

O livro:

(Carlos Herculano Lopes)


O poema:

CASO DO VESTIDO

Nossa mãe, o que é aquele
vestido, naquele prego?

Minhas filhas, é o vestido
de uma dona que passou.

Passou quando, nossa mãe?
Era nossa conhecida?

Minhas filhas, boca presa.
Vosso pai evém chegando.

Nossa mãe, esse vestido
tanta renda, esse segredo!

Minhas filhas, escutai
palavras de minha boca.

Era uma dona de longe,
vosso pai enamorou-se.

E ficou tão transtornado,
se perdeu tanto de nós,

se afastou de toda vida,
se fechou, se devorou.

Chorou no prato de carne,
bebeu, gritou, me bateu,

me deixou com vosso berço,
foi para a dona de longe,

mas a dona não ligou.
Em vão o pai implorou,

dava apólice, fazenda,
dava carro, dava ouro,

beberia seu sobejo,
lamberia seu sapato.

Mas a dona nem ligou.
Então vosso pai, irado,

me pediu que lhe pedisse,
a essa dona tão perversa,

que tivesse paciência
e fosse dormir com ele...

Nossa mãe, por que chorais?
Nosso lenço vos cedemos.

Minhas filhas, vosso pai
chega ao pátio. Disfarcemos.

Nossa mãe, não escutamos
pisar de pé no degrau.

Minhas filhas, procurei
aquela mulher do demo.

E lhe roguei que aplacasse
de meu marido a vontade.

Eu não amo teu marido,
me falou ela se rindo.

Mas posso ficar com ele
se a senhora fizer gosto,

só para lhe satisfazer,
não por mim, não quero homem.

Olhei para vosso pai,
os olhos dele pediam.

Olhei para a dona ruim,
os olhos dela gozavam.

O seu vestido de renda,
de colo mui devassado,

mais mostrava que escondia
as partes da pecadora.

Eu fiz meu pelo-sinal,
me curvei... disse que sim.

Saí pensando na morte,
mas a morte não chegava.

Andei pelas cinco ruas,
passei ponte, passei rio,

visitei vossos parentes,
não comia, não falava,

tive uma febre terçã,
mas a morte não chegava.

Fiquei fora de perigo,
fiquei de cabeça branca,

perdi meus dentes, meus olhos,
costurei, lavei, fiz doce,

minhas mãos se escalavraram,
meus anéis se dispersaram,

minha corrente de ouro
pagou conta de farmácia.

Vosso pai sumiu no mundo.
O mundo é grande e pequeno.

Um dia a dona soberba
me aparece já sem nada,

pobre, desfeita, mofina,
com sua trouxa na mão.

Dona, me disse baixinho,
não te dou vosso marido,

que não sei onde ele anda.
Mas te dou este vestido,

última peça de luxo
que guardei como lembrança

daquele dia de cobra,
da maior humilhação.

Eu não tinha amor por ele,
ao depois amor pegou.

Mas então ele enjoado
confessou que só gostava

de mim como eu era dantes.
Me joguei a suas plantas,

fiz toda sorte de dengo,
no chão rocei minha cara,

me puxei pelos cabelos,
me lancei na correnteza,

me cortei de canivete,
me atirei no sumidouro,

bebi fel e gasolina,
rezei duzentas novenas,

dona, de nada valeu:
vosso marido sumiu.

Aqui trago minha roupa
que recorda meu malfeito

de ofender dona casada
pisando no seu orgulho.

Recebei esse vestido
e me dai vosso perdão.

Olhei para a cara dela,
quede os olhos cintilantes?

quede graça de sorriso,
quede colo de camélia?

quede aquela cinturinha
delgada como jeitosa?

quede pezinhos calçados
com sandálias de cetim?

Olhei muito para ela,
boca não disse palavra.

Peguei o vestido, pus
nesse prego da parede.

Ela se foi de mansinho
e já na ponta da estrada

vosso pai aparecia.
Olhou para mim em silêncio,

mal reparou no vestido
e disse apenas: Mulher,

põe mais um prato na mesa.
Eu fiz, ele se assentou,

comeu, limpou o suor,
era sempre o mesmo homem,

comia meio de lado
e nem estava mais velho.

O barulho da comida
na boca, me acalentava,

me dava uma grande paz,
um sentimento esquisito

de que tudo foi um sonho,
vestido não há... nem nada.

Minhas filhas, eis que ouço
vosso pai subindo a escada.

(Carlos Drummond de Andrade)

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Outono

Noites mais longas que os dias,
Folhas com tom amarelados,
mudanças bruscas de temperatura...

A época que as folhas caem pode representar
momentos de mudanças em nossa vidas em que, devemos deixar
velhas coisas e buscar o novo...
Tempo de mudar.

...Beleza, poesia, os ternos sentimentos. Coração aberto... O momento de colher as descobertas, semear amor, pra admirar enfim, tudo que ainda está por vir.

Certas coisas, as palavras não conseguem expressar:











Como eu gosto do outono!

terça-feira, 5 de abril de 2011

Gênio Indomável



Gênio Indomável foi lançado em 1997,mas só recentemente assisti.
Realmente vale a pena assistir!É um bom filme que adentra no campo da Psicologia do Desenvolvimento com algumas abordagens apresentadas.
Em outras palavras:
Eu recomendo! ;)

Uma pequena análise:

Logo no início do filme o talento que Will tem em resolver problemas matemáticos que estudiosos demoraram anos para decifrar é surpreendente.O fato de Will nunca ter frequentado regularmente a escola e possuir essas habilidades, está relacionado a uma abordagem Inatista-Maturacionista da Psicologia, em que as principais ideias consistem em hereditariedade e maturação, sendo esta, independente de experiências adquiridas.
A explicação para esse fenômeno,portanto,é biológico.Não foi necessário a experiência em uma escola para que o jovem desenvolvesse e aprendesse.A aprendizagem,nesse caso,dependeu do nível de desenvolvimento que dependeu da hereditariedade e da maturação.
Outro fator importante de ser analizado é o comportamento rebelde.Will se envolvia em brigas,xingamentos, fazia parte do vocabulário e as farras e bebidas eram diariamente.É de extrema relevância ressaltar que, o ambiente em que Will vivia era propício e ele era influenciado por este.O rapaz se adaptou aquela realidade e essa é a abordagem comportamentalista, que explica toda rebeldia.
O psicólogo Sean Maguire tem um papel fundamental no filme.Depois da 1ª sessão mal sucedida,Sean conhece um pouco de como Will é e decide aplicar na psicoterapia o método Humanista.Sean percebeu que alguns comportamentos indesejáveis que o rapaz emitia era uma defesa e que apesar de Will ser um gênio não conseguia responder uma simples pergunta como o que ele realmente queria fazer na sua vida.Ao longo da psicoterapia,uma boa relação entre os dois é promovida,diferente da concepção de que deve se ter uma relação distante entre psicólogo e paciente.Com a construção dessa relação mais íntima e empática e com uma ênfase na vida psicológica do paciente,o psicólogo faz Will analisar seu próprio comportamento e questionar seus valores, auxiliando-o em suas escolhas.Na vida emocional Will era apenas uma criança e o encontro com esse psicólogo e seus métodos Humanista,ele pode amadurecer, compreender seu desequilíbrio,fazer uma avaliação de si e procurar as soluções consideradas necessárias para o caso.Will pôde fazer suas escolhas baseado no que ele queria para ter sua realização e crescimento pessoal independente de ter que se dedicar a área de exatas.