segunda-feira, 26 de julho de 2010

●๋• Essência X Aparência ●๋•

Li um conto muito interessante de Augusto Monterroso, um dos mais importantes da literatura latino-americana e um mestre em conto breve no panorama mundial. De forma crítica e bem humorada, Augusto expõe através de contos, problemas que acometem a sociedade.

No conto “A Rã que queria ser uma Rã Autêntica”, Monterroso nos chama a reflexão colocando a seguinte questão: ESSÊNCIA X APARÊNCIA.

Se pararmos um pouco e olharmos ao redor, veremos a aparência tomando o lugar da essência. As pessoas têm usado escandalosamente seus corpos a fim de conseguirem bens aquisitivos ou serem admiradas e aceitas pelos demais.
Em todo lugar que fixo o olhar vejo, principalmente, mulheres seminuas. Propagandas de carros, cerveja, cosméticos, remédios e receptores de TV são alguns exemplos que mostram a imagem da mulher como um objeto sexual. Carro remete a ideia de mulher seminua? A resposta é óbvia: NÃO! Só existe o interesse em prender a atenção do telespectador e manipulá-lo a adquirir o produto. Enquanto somos persuadidos, não percebemos o nível baixo em que essas mulheres se submetem, por que já estamos acostumados com essas coisas..
O valor está mais na aparência do que na inteligência, personalidade, caráter, conduta; no que realmente a pessoa é.
Como isso é possível?Não sei. Só sei que,enquanto isso acontece continuamos anestesiados,adormecidos, de olhos fechados, fazendo “vista grossa” e copiando o que vemos. Talvez, por que queremos ser “valorizados” e aceitos pelo que o mundo corrompido espera e anseia, e não pelo que somos.
O valor de alguém não está na opinião dos outros, ele consiste no que esse alguém faz e é sem usar “máscaras”.


A RÃ QUE QUERIA SER UMA RÃ AUTÊNTICA
Era uma vez uma Rã que queria ser uma Rã autêntica, e todos os dias se esforçava para isso.
No começo comprou um espelho no qual se olhava longamente procurando sua almejada autenticidade.
Tinha vezes em que parecia encontrá-la e outras não, de acordo com o humor desse dia ou da hora, até que se cansou disso e guardou o espelho no baú.
Finalmente, ela pensou que a única maneira de conhecer seu próprio valor estava na opinião das pessoas, e começou a se pentear, a se vestir e a se despir (quando não lhe restava outro recurso) para saber se os outros aprovavam e reconheciam que ela era uma Rã autêntica.
Um dia observou que o que mais admiravam nela era seu corpo, especialmente suas coxas, de maneira que se dedicou a fazer exercícios e a pular para ter ancas cada vez melhores, e sentia que todos a aplaudiam.
E assim continuava fazendo esforços até que, disposta a qualquer coisa para conseguir que a considerassem uma Rã autêntica, deixava que lhe arrancassem as ancas, e os outros as comiam, e ela ainda conseguia ouvir amargurada quando diziam que ótima Rã, até parece Frango.

(Augusto Monterroso)

Um comentário:

  1. rsrsrsrsrs'
    historia muito interessante, realmente as pessoas ficam muito preocupadas com a opnião dos outros e não tão preocupadas com as suas essências, mas isso pode trazer consequências como nesse caso a rã virou coxa de frango.
    kkkkkkkkk'

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